É, mais uma virada de ano. E novamente com chuva.

Sempre me perco em pensamentos olhando as gotas escorrendo pela vidraça mas, para minha própria surpresa, me pego sorrindo.

Pesando os acontecimentos do ano na clichê balança do tempo, vejo o quanto tenho a agradecer. Algumas derrotas, várias conquistas, mágoas superadas, fantasmas definitivamente exorcizados. 

Achei enfim quem me dê aquele abraço único no mundo, que segundo Caio Fernando Abreu te sufoca e te protege de tudo. 

Encontrei aquele olhar que me conforta, até mesmo enquanto levava pontos na cabeça! 

Mão amiga, meu corpo abrigo.

Comecei em um novo emprego. Tive coragem de assumir meus erros passados. 

Motivei a mudar, fiz planos.

Agora é carregar tudo isso nos braços, olhar para o alto e para dentro de mim, e começar uma vida nova, seja lá qual for a data no calendário.

Estranho. Em poucos minutos tudo desaba, se desfaz como poeira, perde a razão de ser.

No calor do momento impossível perceber. Sim, é clichê.... Mas tudo acontece quando tem de acontecer, e por um motivo na maioria das vezes alheio ao nosso entendimento.

Agora vejo com clareza, o bem que me fez perder algo que eu julgava valioso. Se não fosse isso, não estaria livre para perceber que havia algo tão especial me esperando...

Você não sabe, mas chegou na hora certa, no momento exato.

Me ouviu, completou, sorriu.

Alegra meus dias, faz tudo ficar mais leve. 

O vazio que sentia está explicado: era você que não estava aqui.

Nem antes, nem depois. No momento exato....